domingo, junho 14, 2015

Fé cega, faca amolada?

Hoje eu resolvi retomar meu blog. Chamar isso de blog, aliás, é quase uma ofensa à definição de blog, que deveria ter uma entrada regular, periódica de preferência. No meu caso, esqueça tudo isso, porque só escrevo quanto sinto que tenho algo a dizer. E hoje eu tenho? Acho que não, mas me deu vontade de escrever mesmo assim. E expressar-me por escrito não é bem o meu forte, visto que prefiro o debate tête-à-tête, boca-a-boca, polêmico, de preferência. Mas, nos dias de hoje parece que falar de questões polêmicas é proibido. Um caso interessante é esse das manifestações anti-religiosas da Parada Gay de São Paulo de 2015. Até fiz questão de não ler muito sobre o assunto, para não "contaminar" minha opinião. Genericamente falando, trata-se de um caso de pessoas sentirem-se ofendidas por alegorias, charges ou piadas com figuras religiosas (Por exemplo, Maomé, ou Jesus Cristo). E a questão toda é: Pode-se fazer piada com a fé ou crença dos outros? Bem, no caso do Charlie Hebdo (Paris), a gente viu o estrago que isso fez. No caso recente de São Paulo, as consequências ainda serão medidas no médio/longo prazo. Deixando de enrolar e colocando objetivamente a questão: A fé ou crença das pessoas pode ser desafiada ou questionada através da livre expressão do pensamento, através de ideias colocadas em palavras, textos, charges? Muitos acreditam que não! Acreditam que sempre deve-se respeitar a sua fé. Será mesmo que devemos? Eu lembro de uma experiência marcante, visitando sítios arqueológicos no México, testemunhando como crianças astecas eram sacrificadas em homenagem ao deus Sol. Deveríamos respeitar a fé asteca? Mais recentemente, vídeos postados na Internet exibem degolamentos de jornalistas pelo ISIS, em nome de sua fé!!! Devemos respeitar isso também? Cruzadas cristãs matavam pela espada os pagãos que não se deixavam converter; a Inquisição (e nem faz tanto tempo assim) queimava gente viva na fogueira em nome da fé. Devemos mesmo respeitar a fé das pessoas? Em que espaço, em que tempo? Fé é uma "opinião" que deveria ser defendida e posta à prova a qualquer momento, em nome da racionalidade humana. Do contrário seremos um bando de humanos nem melhores nem piores do que os animais selvagens que matam pelo instinto. E pior, nem é para saciar sua fome de carne. É apenas para saciar sua fome de espírito. Essa eu passo!


quinta-feira, março 26, 2015

Nem destino, nem acaso, só a Natureza operando com suas leis.

Toda vez que ocorre um acidente de grandes proporções com muitas vítimas fatais, como no caso do ônibus que caiu de uma ribanceira na Serra Dona Francisca, em Joinville, no Norte de Santa Catarina, matando 51 pessoas, em 14/03/2015, e do acidente com o Airbus A320 da Germanwings, nos Alpes franceses, matando seus 150 ocupantes, aparece alguém que foi “salvo” por ter desistido da viagem na última hora. No caso do ônibus o acidente deve ter sido provocado por falha mecânica; no caso do avião, investigações iniciais apontam para uma ação suicida do co-piloto. Em ambos os casos é quase impossível determinar o que teria ocorrido no caso de alguém que não viajou ter feito uma opção diferente. Vamos tentar explicar. Cada evento (uma ocorrência no espaço-tempo) é único e resultado de sua condição histórica (passado) e condições de contorno (presente). Assim que, uma decisão quando tomada ou ação executada é consequência de um estado mental que pode ser ou é influenciado por outros eventos passados e/ou simultâneos. Então você decidiu não viajar naquele voo trágico no último minuto e poderia ter sido mais uma das vítimas? Poderia mesmo? Vejamos. Se você tivesse optado pelo contrário e embarcado naquele voo, o que o faz acreditar que sua presença não poderia, de fato, ter evitado a tal tragédia? Como assim? Agora, você que não embarcou é o culpado pela tragédia? Não exatamente. A consequência de você ter embarcado ou não e assim ter mudado o “destino” do tal voo é imprevisível, visto que isso poderia ter (ou não) influenciado de diversas formas os acontecimentos futuros. Vejamos um exemplo. Ao fazer o check-in você descobre que acabou de colocar na mala que está sendo despachada seus documentos de identidade. Você leva cerca de um minuto para localizá-los e recuperá-los. Durante este tempo, a atendente dá um sorriso para o co-piloto que por ali está passando, o que desencadeia uma série de pensamentos que o levam a um outro estado psíquico, que acabam demovendo-o de um futuro pensamento e ação suicidas. Há uma infinidade de outras possibilidades, algumas das quais poderiam promover alguma outra ação suicida, diferente da que foi executada. Em resumo, você nunca saberá se deixou de ser mais uma vítima ou se poderia ter sido um “herói” não consciente. Não há destino, nem acaso; só a Natureza operando com suas leis, e influenciando nossos estados mentais, nosso “livre-arbítrio”, gostemos delas ou não.