domingo, novembro 18, 2007

Rumo ao Ano de 2008

Baixada a poeira da eleição para reitor na UFSC, é hora de preparar o terreno para a reforma que precisa ser feita, dos dois lados do rio, se é que se quer ainda sonhar com uma instituição forte e respeitada.

A UFSC tem, talvez pela primeira vez na sua história, a real oportunidade de se transformar em uma instituição global, atraindo projetos e cérebros que podem dar grande contribuição ao desenvolvimento da região e do país, e colocá-la no plano internacional na abordagem de importantes problemas globais: energia, meio ambiente, pobreza e segurança/violência. Vai precisar de todos para isso, da esquerda à direita.

É importante que se tenha consciência de que essas questões estão acima do interesse e da capacidade de qualquer indivíduo ou grupo, e requerem esforço coletivo para que se criem as condições de competitividade necessárias para a inserção da universidade no contexto internacional. É fácil observar que quaisquer desses temas requer abordagens multidisciplinares, que necessitam de suporte das mais diversas áreas básicas e aplicadas, da engenharia, arquitetura, computação, ciências sociais, biológicas, médicas, de economia, administração, direito, línguas estrangeiras, e poderíamos continuar elencando áreas e campos de conhecimento, e certamente abarcaríamos toda a universidade.

É evidente que a universidade tem que ser meritocrática, e não necessariamente democrática, o que não reduz o espaço a ser ocupado -e muito necessário-, pela ação política que coordena os interesses da sociedade e de grupos menores, internos e externos. No entanto, a escolha dos administradores e assessorias precisa ser consoante com um projeto de universidade moderna, e não o pagamento de favores eleitoreiros. Aliás, seria uma bela lição para aqueles que apoiaram a candidatura vencedora só pensando nas vantagens pessoais, apadrinhamentos e compensações pós-eleitorais. Quero crer que o candidato eleito e seu vice têm a estatura moral e profissional para tirar a universidade deste atoleiro em que se meteu. Isso só o tempo dirá, mas eles nada farão sem a conscientização de que este tem que ser um projeto institucional, sem donos privilegiados.

Isso significa fundamentalmente ter que se despartidarizar a universidade, acolhendo idéias e projetos que venham de qualquer setor ou ideologia, desde que fundamentados num objetivo maior, que tem que ser o de colocar a UFSC no primeiro plano, como a melhor universidade federal do país, nos próximos anos.

Algumas das questões que precisam ser imediatamente revistas e/ou endereçadas incluem:

  • Implantação de um modelo de gestão, capacitação de servidores e revisão de cargos e funções, com um mínimo de gestão de processos, moderno e eficiente. O setor de serviços e de tecnologia da informação precisa ser reestruturado e fortalecido. Muitos serviços precisam de fato ser criados. Não há quem agüente lidar com tanto papel e burocracia. Isso é um desperdício de tempo e de recursos.
  • Criação de meios para aporte financeiro dos setores públicos e, sobretudo, privado. Isso certamente passa por um modelo de gestão de projetos que vai além do que temos/tínhamos nas atuais fundações.
  • Articulação com os sindicatos, que precisam repensar seu papel e representatividade.

Medidas consideradas politicamente incorretas e não populares precisam ser tomadas sem perda de tempo:

  • Jornadas de trabalho cumpridas (i.e., cobradas) de acordo com os contratos de trabalho
  • Revisão das políticas de acesso (vestibular, cotas, ingresso na pós-graduação, atração de pós-doutorandos e pesquisadores visitantes, nacionais e estrangeiros)
  • Segurança patrimonial e pessoal no campus
  • Transformação do HU em um hospital de pesquisa e desenvolvimento moderno.

Parte de um plano desta natureza só pode ser executada se o dirigente não tiver que pensar em eleição/reeleição. É por isso que também é muito importante que se repense o sistema atual de escolha de reitor, diretores de centro e chefes de departamento. A quem interessa o sistema atual? Se o objetivo é o desenvolvimento da universidade, penso que nem à situação, nem à oposição interessa o atual modelo. Afinal, ele deu no que deu. Um desastre! O Conselho Universitário, seu papel, seu tamanho, seu processo de escolha, precisa ser repensado! A UFSC e a universidade brasileira em geral não podem mais se dar ao luxo de ter administrações comprometidas com grupos e dar as costas ao desenvolvimento nacional. Em outros estados vimos o crescimento do sistema federal de ensino com a criação de novas universidades. E Santa Catarina, por que não tem outras universidades federais? Será que temos medo da concorrência? A estupidez e o interesse pessoal precisam ceder lugar à inteligência e ao bom senso. O Brasil nos paga para termos uma instituição decente. Não estaremos fazendo nenhum favor.

Um comentário:

Unknown disse...

bom dia, muito bom, vamos ao debate, sugiro, data venia, smj, incluir no mesmo a proposta da criação da Universidade Tecnlógica do Norte da Ilha, voltada à inovação. Já tem em Curitiba, o Cefet virou uma, Itajubá é agora UNIFEI, a Paulista de medcina é agora universidade, tem portanto antecedentes. Lembro que nossas raízes são as grandes Escolas Franceses, aqui chamadas de faculdades, menores, mais agéis; com bem colocastes a burrrrocracia ficou sufocante, como não sera feito uma reengenharia, não somos empresa privada,e já saiu de moda,hehe, nem ninguem será mandado para um Gulag, ainda bem ou enviado para reeducar no campo, não temos uam revolução cultural,graças ao bom Deus; logo desburrrrrocratizar, eliminar o tradicional criar a dificuldade, como sistema de poder, velha tradição do nosso sistema de gestão público, é quase uma missão impossível. Portanto, visando evitar outra tradição nossa: mutatis mutantis tudo como dantes no quartel de Abrantes,ehhe,ou outra tradição nossa? mudar para não mudar,ehehe, logo somando a proposta de novas IFES em SC, com a simplificaçao gerencial, , apresento a sugestão da Univ Tecnológica do Norte daIlha voltada à inovação. Att